quinta-feira, 15 de julho de 2010

Falar Sobre Tribus Urbanas 5° Parte (Rivetheads)

O Rivethead - conhecido como "tronco" no Brasil - é um fã de Música industrial. A tradução literal da palavra é "cabeça de rebite".

A Origem do Termo
Quem foi o primeiro usar o termo Rivethead? Há um consenso no rec.music.industrial que foi Chase, fundador da Re-Constriction Records, uma subdivisão da Cargo Music especializada em Música industrial. No começo nos anos 1990 Chase lançou Rivet Head Culture, uma coletânea reunindo vários grupos underground da cena Industrial americana. Essa é supostamente a primeira vez que se usou oficialmente a palavra "rivethead" com a contracultura Industrial. O problema dessa afirmação é que no mesmo ano que Rivet Head Culture a dupla Chemlab - por sinal, amigos do Chase - lança Burn Out at the Hydrogen Bar (1993). E esse disco tinha uma faixa intitulada "Rivethead".

Quando perguntado sobre a origem de "Rivethead" o vocalista do Chemlab (Jared Louche) se limitando a dizer que não sabe bem da onde surgiu, mas não deixa de dizer que há anos já estava com esse título na cabeça. De sua parte Chase admite que não inventou a palavra, mas confirma que foi ele que a popularizou. As origens reais do termo, dentro do Rock, talvez estejam na banda Iron Maiden - seus fãs já no começo dos anos 1980 eram chamados de "rivetheads". Fora do universo pop, o termo já era usado como uma gíria, um apelido para operários americanos dos anos 1940. O termo ganhou popularidade nos EUA com a publicação de Rivethead: Tales From the Assembly Line (1990), de Ben Hamper.

A Cultura Rivethead

Subcultura vs. Contracultura
Antes mais nada, é preciso é esclarecer que em torno da Música industrial não há uma subcultura, e sim uma contracultura. Um dos primeiros ideólogos do movimento, Graeme Revell (ex-SPK), refere-se à Música industrial assim. Veremos o por quê agora.
Apesar de admitir que "…a distinção entre subcultura e contracultura pode ser sutil, e passível de discussão", Ken Goffman - vulgo R.U. Sirius, ex-editor da revista cyberpunk Mondo 2000 - afirma que "as subculturas normalmente são definidas por um tipo de conformismo alternativo ou minoritário". Um exemplo perfeito disso são os Indies, que canalizam seu vanguardismo e "rebeldia" única e exclusivamente para fins musicais, de resto não sendo nada contestadores. Não é o caso da Música industrial, onde há uma contestação frontal a todos os valores vigentes da sociedade Ocidental.

Do lado mais acadêmico da discussão, a historiadora Luisa Passerini lembra porque a aplicação do termo "subcultura" foi bem-sucedido nas ciências humanas: além não parecer "implicar um juízo demasiado duro" ele "sublinhava as características de subordinação e diferença".

História
Apesar da "cultura" Industrial existir desde o final dos anos 1970 (graças a grupos como Throbbing Gristle, SPK e Cabaret Voltaire), foi só no começo dos anos 1990 que o Rivethead se organizou, de fato, como uma tribo urbana. Ou seja: finalmente apresentou um conjunto mais ou menos coerente de vestimentas, preferências músicais, linguajar (gírias) e ideologias próprias.

No seu livro sobre o Nine Inch Nails, o jornalista inglês Tommy Udo descreve uma das primeiras aparições de Rivetheads na imprensa musical. Ele os avistou num show do Guns N' Roses no estádio de Wembley em Londres, em Agosto de 1991. A razão deles estarem por lá era a banda de abertura: o Nine Inch Nails (naquela época ainda divulgando o Pretty Hate Machine). É assim que Udo descreve esses "pós-góticos":
"A maioria eram homens ou casais (…). Tinham a cabeça raspada e vestiam sobretudos de couro; um tinha até uma máscara de gás e uma roupa de proteção radioativa da OTAN, com o logotipo do NIN pichado nas costas".

Características Gerais
Nas suas várias definições, disponíveis no site Urban Dictionary, se destacam:
• "Ouvintes de Música industrial. Caracterizados por Ideação Futurista, Afeto Distópico, Elitismo e vestuário Militar".

Críticas
Muitos dos fãs de Música Industrial "Oldschool" e Power Electronics acham que a cena Industrial/Noise não deve ser associada á grupos juvenis ou "tribos urbanas", tal associação seria danosa á contracultura industrial - qual não necessitaria de "representantes", assim como de elementos de declínio - como ocorrera em relação á outros movimentos contraculturais como fora o Hippie,Beatnik e Punk.
Genesis P-Orridge, membro fundador do Throbbing Gristle, descreve os Rivetheads de um jeito mais sarcástico:
"A maioria são homens que calçam botas da Doctor Marten’s e vestem casacos negros de couro, calças militares e pintam o cabelo de preto ou cortam-no ao estilo skinhead. Eles têm um coleção de livros sobre assassinatos e crimes sexuais. Eles gravam sua música - que é basicamente microfonia - em fitas K7. E reclamam do Throbbing Gristle ter acabado".

Rivethead ultimamente tem ganhando uma reputação extremamente negativa pelos fãs das vertentes mais extremas da música Industrial devido á crença que tais indivíduos seriam responsáveis pela desastrosa situação que o termo Música Industrial adquiriu nas últimas décadas, uma situação de extrema regressão conceitual, aonde o protesto, o experimentalismo e a agressividade típica do industrial fora reciclada e embalada como um produto qualquer, perdendo todas as características básicas que o definiam como estilo ( sendo assim um processo de regressão, onde o experimentalismo e o espírito de evolução artística fora trocada por uma manifestação extremamente pobre e superficial). Porém tal crítica não se refere somente aós rivetheads, mas também a todas as cenas e tribos urbanas que possam manter alguma relação com o "Industrial".

A Cor Negra
É óbvio, mas é preciso dizer isso: os Rivetheads não são a única tribo urbana preferem usar preto. Entre as outras tribos que partilham sua preferência pela vestuário de cor negra estão os Góticos, os Headbangers e alguns Punks mais radicais

Nenhum comentário:

Postar um comentário